Acredito que a palavra “ Reinvenção” define perfeitamente a fase posterior à mudança de um país.
Temos saudades, não somente dos lugares e pessoas que ficaram, mas acima de tudo da pessoa que éramos, das nossas referências, das nossas raízes e principalmente da nossa versão profissional.
Lidar com tudo isso e ainda ser o ponto de equilíbrio da família, não é uma tarefa fácil! Sei muito bem como é, pois passei e passo por isso, mesmo depois de anos vivendo fora.
Recebo e-mails de mulheres que se encontram nesta situação e não sabem qual caminho tomar e que às vezes acreditam que a situação atual não tem solução.
Por isso, resolvi recolher depoimentos de mulheres guerreiras que se reinventaram profissionalmente e passaram pelos mesmos cenários que você pode estar passando agora.
Mulheres que enfrentaram e venceram seus próprios medos. Mulheres que se REINVENTARAM.
“Se queres vencer o mundo inteiro, vence-te a ti mesma”, Dostoiévski
O que te levou a mudar para a Holanda?
Alexandra – O amor. Meu marido é Holandês
Camila– Trabalho. Eu trabalha numa empresa holandesa offshore com base em Angra. Após o projeto acabar tivemos que fazer uma escolha.
Emily– Meu namorado conseguiu uma vaga de trabalho aqui, e não pensamos duas vezes.
Mariza – Trabalho do marido
Quais foram as principais dificuldades que encontrou ao chegar?
Alexandra – A língua, mas me empenhei muito pra tirar esse obstáculo da minha frente e tornar a vida aqui mais fácil pra mim.
Camila – Acredito que, como a maioria, o idioma foi e permanece sendo a principal dificuldade.
Emily – Minha primeira dificuldade foi encontrar um local para morar, devido a escassez do mercado imobiliário em Amsterdam, em seguida o choque cultural referente ao individualismo holandês e a dificuldade de fazer amigos. Mas o ponto alto foi a maneira nada preventiva da medicina holandesa e os obstáculos para ser atendida por um especialista.
Mariza – Idioma
Quais foram os trabalhos que já exerceu na Holanda antes de iniciar o seu trabalho atual?
Alexandra – Já fui assistente/instrumentadora de dentista (por 2 anos) e office assistent da Embraer Nederland.
Camila – Comecei a empreender com crafts. Fazia arte com pregos, cartões e origamis.
Emily – Eu sou formada em Farmácia porém antes de me formar já fotografava no Brasil.
Mariza – Do Brasil viemos morar em Antuérpia na Bélgica, as dificuldades foram muitas, principalmente de integração. Primeiro trabalhei como empacotadora de produtos esportivos, depois consegui uma vaga no RH da própria empresa.
O que te levou a fazer o que faz hoje?
Alexandra- A vontade de ficar mais próxima da família, querer que meus filhos falassem português e ter o produto que eu ofereço hoje no mercado, o que não existia quando comecei.
Camila- O universo e meu marido. Os sinais sempre estiveram lá, mas só me abri para eles quase 20 anos depois.
Emily – Eu me sentia uma pessoa cinza. A rotina quase robótica de estar no mesmo local no mesmo horário com as mesmas pessoas diariamente, me deixava ansiosa e incomodada, apesar de gostar da minha profissão.
A fotografia me trouxe liberdade. Hoje circulo por toda a cidade de bicicleta ou a pé. Conheço pessoas diferentes, histórias diferentes. Apesar dos contra-tempos impostos por cada profissão, registrar momentos únicos na vida das pessoas, e ter oportunidade de conhecer pessoas de diversas partes do mundo, é realizador.
Mariza – Sempre me questionava como ajudar pessoas que estavam passando por problemas piores que o meu. Mas o ápice da minha inconformidade veio através do meu contato com pessoas com excelente grau educacional, originárias da Espanha, que se submetiam a trabalhar em armazéns.
À partir dai comecei a fazer Head Hunter para várias empresas no intuito de ajudar recolocar essas pessoas no mercado de trabalho Belga e Holandês. Algo que fazia no meu horário vago, foi tomando forma.
Qual foi a sua principal barreira comercial e como conseguiu solucioná-la ?
Alexandra – O brigadeiro é um produto tipicamente Brasileiro. Muitas vezes tive que explicar e quase convencer os estrangeiros do valor daquilo que faço. Isso me fez focar no mercado de público brasileiro na Holanda/Europa. 95% dos meus clientes são Brasileiros.
Camila – Não entrei no mercado para ser mais do mesmo, queria ter um diferencial. E isso foi muito difícil no início. Fazer com que as pessoas percebessem que entramos nessa pra revolucionar o mercado com produtos que já estão ali!
Emily – Elaboração de preço e escolha de público alvo, pois no antes eu tinha outro foco na fotografia, e somente trabalhava com brasileiros. A solução foi fazer um plano de negócios com a Melissa, que me ajudou a me situar onde estava e estabelecer metas.
Mariza – A língua holandesa sem dúvida foi a minha principal barreira. Depois disso, muito pouco mudou no mundo exterior, mais meu interior sim.
Parei de ter vergonha de falar errado ou com sotaque, e resolvi lutar. Mesmo com 2 filhas muito pequenas queria ter minha independência financeira.
Resolvi ser ajudante de cozinha, por um ano, chorava de tristeza, depois 6 meses fazendo limpeza nas casas. Fazia o possível para me integrar, queria conversar me socializar, aqueles empregos não iriam ser pra sempre, mas foram sem dúvida a maior escola de aprendizado e de humildade que pude ter.
No Brasil, tinha babá, empregada, faxineira e de repente tinha virado tudo isso e ainda era mãe nas horas vagas.
Na Europa a gente aprende a ter orgulho do trabalho que faz independente do que se faz. Na Europa trabalhar é motivo de orgulho não de vergonha. Diversos paradigmas pessoais foram quebrados.
Cite uma diferença cultural entre empreender na Holanda e empreender no Brasil?
Alexandra – Acho aqui mais fácil, a burocracia é menor . O Brasil é a terra dos formulários e papéis para assinar. Empreender aqui é mais simples, burocraticamente falando.
Camila – A principal (na minha opinião) é a valorização do trabalho. No Brasil, o pequeno empreendedor sofre com as comparações, pressões do mercado, precificação do valor do seu trabalho.
Aqui não. O que percebo é que o público holandês pode até não consumir seu produto, mas a apreciação, valorização e reconhecimento do esforço colocado ali é notório.
Emily – Não tenho como comparar pois não era empreendedora no Brasil. Porém uma dificuldade que encontrei ao abrir empresa na Holanda foi o fato que apesar do país ter tantos expatriados, onde muitos deles abrem seus negócios como freelancers, não há suporte em inglês para as declarações/cartas/e-mails e isso dificulta bastante para quem não é fluente na língua.
Mariza – A Holanda é um país extremamente organizado. E até hoje me questiono, como os precursores da administração não foram holandeses e sim americanos.
Para empreender é preciso se organizar, ter um plano de negócios e acima de tudo, saber onde quer chegar.
A Holanda é um país onde qualquer um pode crescer, esse lugar é sede das principais empresas no mundo. Tem um alta renda per capita, apresenta um dos maiores fundos de pensão, e um dos mais baixos juros anuais bancários. Além de estar na quarta posição mundial na educação e entre as primeiras em qualidade de vida.
Com essas estatísticas acima é possível distinguir a diferença entre nossos países. Mas um ponto importante é a fiscalização do governo, ou seja , é extremamente importante que suas atividades sejam legalizadas.
Não tenha medo de montar sua empresa, o governo incentiva e viabiliza o pequeno empreendedor.Nunca aceite alguém dizer que você não pode ou não é capaz.
Qual seria o seu conselho para aquelas mulheres que acabaram de chegar no novo país e estão se sentido sem perspectiva de futuro?
Alexandra – Encontrem uma paixão, algo que as satisfaça e torne isso real. Veja se o mercado permite. Procure pessoas que também estão buscando o positivo. O espiral negativo é a maior barreira que impomos a nós mesmas. Aprenda Holandês. Gente, não é fácil, mas acho difícil nos sentirmos integradas e realizadas se nem conseguimos nos comunicar.
Camila – Vocês podem e devem se sentir assim. Afinal de contas, uma parte de nós morre exatamente no momento em que entramos no avião. Se recolham, permita esse momento. Escute seu coração e siga sua intuição. É lá que as respostas moram. Confie, persevere, resilie e emane energias boas ao universo. Ele sabe das coisas. Feito isso, se joguem: Garanto que a água dessa piscina é quentinha!
Emily – A mudança para um novo país é mesmo dura e requer o fim de muitos laços do passado. Ninguém te conhece, o idioma pode ser um desafio e sua carreira pode nem existir no novo local. Porém, há sempre um motivo para recomeçar ou uma área que podemos nos reinventar. Sabe aquela idéia que às vezes nos aparecia de “eu adoraria fazer tal coisa/trabalhar com isso” e era rapidamente evaporada? Repense nela; dê os primeiros passos, procure o que te faz feliz. Faça parceiros locais, divulgue seu serviço, e principalmente: acredite em você.
Mariza – Trabalhe, estude! Independente de onde, quanto ou como, esses primeiros passos determinarão seu futuro. Portanto, quanto menos pensar e comparar seu passado com o presente melhor será pro seu futuro.
Como o seu cliente pode te encontrar e contratar os seus serviços?
Alexandra – Através do www.brigadeirogourmet.nl ou meu Instagram @brigadeirogourmet.nl. Lá também você encontra meu telefone e pode me ligar ou mandar um whatsapp.
Camila – www.instagram.com/groenandco
Emily – Através de meu instagram www.instagram.com/egacphotos, site www.egacphotos.com ou email egacphotos@gmail.com
Mariza – Em todas as mídias sociais ou no site www.mum-horecarecruitment.com
Eu adorei o bate papo com essas #Mulheres Empreendedoras que se REIVENTARAM.
E você? Está pronto para transformar o seu sonho em realidade?
Conta pra gente!
Te Vejo no próximo post!
4 respostas
Foi muito bom poder compartilhar um pouco de minha experiência aqui e ler outros relatos de mulheres incríveis que
também moram no país dos moinhos. Obrigada pela oportunidade! 🙂
Obrigada a você por dividir o seu relato conosco!
Beijos
Melissa
Demais Melissa!
Muita generosidade sua receber a gente tão bem em seu cantinho.
Obrigada!
Obrigada Camila,
Amei conhece a história de vocês!
Bjs
Melissa