Mudar de continente, especialmente no inverno, traz consequências físicas imediatas. O corpo não aceita tão facilmente sair de quase 40 graus para temperaturas negativas .
E quando se é novato na cidade até os vírus querem te conhecer melhor, a consequência disso são vários dias de febre alta e dores horríveis no corpo.
Mas o seu subconsciente informa que não deve se preocupar, pois está num país de primeiro mundo com um dos melhores sistemas de saúde da Europa.
Doce engano!
A filosofia médica holandesa é que o corpo precisa de tempo para se curar sozinho.
Ou seja, quando menos houver intervenção melhor. É isso mesmo que você entendeu, você vai morrendo de dor para o hospital e sai de lá com um tapinha nas costas: “não se preocupe vai passar” e ainda leva de brinde um Paracetamol para tomar com chá.
Brincadeiras à parte, o que temos aqui é um dos maiores choques culturais de expatriados brasileiros.
Estamos acostumados a ir ao hospital quando temos qualquer tipo de dor forte ou febres persistentes e sair de lá com remédios ou antibióticos, fazer vários exames e aguardar horas esperando o resultado.
E se precisarmos de médico especialista, basta ligar e agendar uma consulta e se o médico achar necessidade, podemos fazer mais exames.
Depois vamos à farmácia e compramos todos os remédios prescritos e mais alguns extras sem prescrição.
Ao nos deparamos com o formato holandês de tratar a doença, não aceitamos de imediato e acreditamos que é uma maneira estranha ou até descaso.
Contudo, a estranheza tem relação direta com as diferenças culturais.
Na Terra dos Moinhos o sentido de prevenção (prevenir a doença antes que aconteça) não é usual e sim o tratamento pós o problema.
O sistema de sáude holandês acarreta sentimentos contraditórios para aqueles que vieram morar na Holanda. Apesar de ainda não ter me acostumado com esse jeito holandês de enxergar a saúde, acredito que seja apenas formas diferentes de lidar com problema.
Como funciona o sistema de saúde holandês na prática?
1 – Existe a obrigação de contratar um seguro saúde. Ou seja, não existe sistema gratuito.
2 – Você escolhe o seguro saúde que melhor lhe atenda, pode ser o básico (em torno de $130,00 euros por pessoa) ou completo que dá direito a algumas especialidades (em torno de $230 euros por pessoa), exceto dentista. Os valores irão se diferenciar conforme a operadora de saúde.
3 – Crianças não pagam seguro saúde até os 18 anos até mesmo para atendimento com especialistas.
4 – Você deve escolher nos arredores da sua casa um clínico geral aqui chamados de “Huisarts”, que será o seu médico de família, e você irá nele para qualquer tipo de doença que venha a ter. E somente se ele achar necessário e com a autorização dele, você poderá ir ao um médico especialista ou para um hospital.
5 – As consultas são rápidas e objetivas duram no máximo 20 minutos, ou seja, levem suas dúvidas anotadas.
6- E antes de passar para o médico prepare-se para triagem da assistente, ela foi treinada para fazer um pré-diagnóstico e classificar a sua urgência.
7 – Caso queira solicitar um check-up anual terá uma grande dificuldade, a não ser em casos especiais. Incluindo até os exames ginecológicos preventivos, que no Brasil fazemos anualmente aqui é realizado a cada 10 anos, salvo em situações de risco, ou se você acabou de completar 40 anos, isso eu ainda não consigo entender.
8 – Os exames ficam registrados diretamente no sistema do seu médico, não temos acesso.
9 – E só podemos comprar na farmácia cadastrada, que normalmente fica no mesmo ambiente da clinica médica. Detalhe: a receita vai diretamente do médico para o farmacêutico de forma digital. O lado bom é que não é necessário pagar por alguns remédios.
Como funciona a Vacinação infantil?
Uma das maiores preocupações dos pais ao chegar na Holanda com filhos pequenos é saber sobre o cronograma de vacinação. O esquema de vacinação é bastante diferente. Mas, o objetivo é sempre o mesmo proteger as crianças, tanto quanto possível, contra doenças infeciosas perigosas.
Porém, o cronograma irá se diferenciar em alguns pontos entre os dois países devido as doenças infeciosas prevalecentes em cada região.
Segundo o governo, apesar de ter uma menor quantidade de vacinas se comparado ao cronograma brasileiro, as vacinas dentro do calendário holandês são as essenciais para a proteção infantil. E o cronograma é ajustado quando necessário com o surgimento de novas vacinas.
Abaixo o cronograma Holandês de vacinação infantil básico, onde todas as crianças nos Países Baixos seguem.:
O cronograma de vacinação e todas as informações importantes sobre o tema são encontrados no site do governo Rijks Vaccinatie.
As vacinas dentro do calendário do governo são gratuitas, caso a criança precise alguma vacina fora do esquema básico, será pago de forma particular. Muitas seguradoras de saúde reembolsam os custos de vacinação.
Um exemplo prático de vacina fora do calendário é a vacina da Febre Amarela. Essa vacina é indicada para crianças que viajam para regiões afetadas, como por exemplo o Brasil.
No site GGD Reis Vaccinaties, você pode verificar quais são as vacinas obrigatórias para cada país, quais os postos de vacinação mais próximo da sua cidade e os valores a serem pagos. Converse antes com seu Huisarts para uma melhor orientação.
Qual é a classificação mundial do Sistema de Saúde Holandês?
Não podemos negar que o uso controlado de antibióticos e redução de idas desnecessárias as emergências hospitalares são fatores positivos para a sociedade.
Além disso, segundo uma associação sueca que faz pesquisas com consumidores sobre os sistemas de saúde mundiais, a Holanda está em primeiro lugar dentre de 36 países europeus (fonte: Health Consumer Powerhouse , 2014).
Em suma, existem pontos positivos nesse modelo, apesar de ser muito diferente do modelo brasileiro.
E você já passou por alguma experiência no sistema holandês de saúde? Conta para gente.
Te vejo no próximo post
10 respostas
Olá Melissa, estava precisando ler esse post.
Minha dúvida é, esse valor de 100 a 200 euros é pago mensalmente ou uma única vez?
Oi Viviane, Obrigada por ler o blog! Esse valor é pago mensalmente.
Olá Melissa!
Me mudei há uns três meses pra cá, ainda me adaptando com tudo. Ainda não fui ao médico aqui apesar de ter hipotiroidismo e ser muito alérgica. O que eu gostaria mesmo de saber é sobre os exames de papanicolau que no Brasil fazemos anualmente. Aqui é possível? Qual o nome?
E também, no meu caso que tenho hipotiroidismo e tomo remédio todos os dias, é só ligar e dizer que tenho essa doença e preciso passar com o médico pra pegar a receita?
Eu tô bem aflita com essa situação, apesar de meu inglês ser razoável, explicar esse tipo de coisa em outra língua é muito difícil, temo não ser bem entendida e por aqui parece que as pessoas estão sempre com muita pressa. Me sinto uma caipira! kkkkk
Oi Marina, realmente essa fase de adaptação inicial não é fácil, pelo menos para mim foi difícil. Sobre o exame se chama: jaarlijks gynaecologisch examen. E sim, você tem que ir ao médico geral ( huisarts) para ele indicar a necessidade deste exame. Até o ano passado era feito a cada 5 anos, agora a lei mudou e a obrigatoriedade é a cada 10 anos. Eu particularmente não concordo e faço sempre que vou no Brasil. Agora sobre o seu problema de hipotiroidismo você tem que informar o seu médico da doença pré-existente e ele irá te dar receita, não pode ir direto na farmárcia. Pede uma consulta com um tempo maior a de 20 minutos e leva uma carta de casa em inglês explicando tudo. ( Eu sempre faço isso, santo google 🙂 ). E boa sorte, o sistema de saúde aqui funciona, mas as diferenças são gritantes e as vezes irritantes. kkkkk Obrigada por ler o blog e seja bem vinda!
Adorei o post!
Eu estou pensando em mudar meu seguro saude, vou dar uma pesquisada pra ver quais as vantagens de se pegar um plano mais caro.
Fico feliz que gostou! Obrigada por ler o blog. Caso queira mudar de seguradora aconselho esperar o momento certo que é no final do ano, para evitar taxas de quebra de contrato. Abraços
Melissa
Me assustou ler sobre a periodicidade dos exames ginecológicos! Moro no Brasil e amo saber culturas de outros lugares, mesmo que não tenha pretensão de morar fora do Brasil. Eu não sei como já viver tranquila fazendo os períodos a cada 10 anos, meu Deus isso é gritante 😭
Oi Ivyane, Obrigada por ler o blog. Eu também não concordo com esse prazo, sempre faço quando vou no Brasil.
Abraços
Melissa